
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu rejeitar a realização de um media training antes de prestar depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), marcado para esta semana.
O treinamento em São Paulo havia sido sugerido por aliados como preparação para o interrogatório, considerado decisivo pela equipe jurídica de Bolsonaro. As informações são da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.
O que é media training e por que foi recusado
O media training é uma técnica comum para preparar pessoas que vão enfrentar sabatinas, entrevistas ou interrogatórios. O método inclui simulações com perguntas duras feitas por especialistas em comunicação, além de orientação sobre postura, gestos e estratégias para manter o foco.
Durante esse tipo de preparação, o participante é treinado a controlar a linguagem corporal — como usar as mãos ao falar, olhar diretamente para o interlocutor e manter a postura ereta — a fim de transmitir segurança.
Apesar dos apelos, Bolsonaro recusou o treinamento, comportamento similar ao que adotou em suas campanhas eleitorais. O ex-presidente optou por se reunir exclusivamente com seus advogados, que o instruíram apenas sobre aspectos jurídicos que podem ser abordados no STF.
Segundo um profissional próximo da defesa, Bolsonaro é visto como “indomável” e confia em sua capacidade de performance, dispensando ensaios prévios.
Encontros com advogados duraram dois dias
O preparo jurídico de Bolsonaro aconteceu durante dois encontros realizados na sexta 6 e no sábado 7, no escritório do advogado Celso Vilardi, em São Paulo. Também participaram os advogados Paulo da Cunha Bueno e Daniel Tesser, além de membros das equipes dos três escritórios.
Bolsonaro será interrogado sobre tentativa de golpe
O depoimento de Jair Bolsonaro ao STF faz parte da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022, com o objetivo de impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O ex-presidente é investigado pelos crimes de:
- Organização criminosa;
- Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- Dano qualificado contra patrimônio da União;
- Deterioração de patrimônio tombado.
Interrogatórios no STF começaram nesta segunda 9
Ao todo, sete acusados serão ouvidos no STF. O primeiro a depor é o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e um dos principais delatores do caso.
Na sequência, os depoimentos ocorrerão em ordem alfabética. Antes de Bolsonaro, devem ser ouvidos:
- Alexandre Ramagem (PL-RJ), deputado federal e ex-diretor da Abin;
- Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha;
- Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional.
O depoimento de Bolsonaro está previsto para ocorrer entre terça 10 e quarta-feira 11.
Depois dele, serão ouvidos:
- Paulo Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022.