A retomada do julgamento (e a condenação) do ex-presidente da República, Fernando Collor (PTB), fez reacender as polêmicas que envolvem o nome dele na política e no mundo empresarial. Tanto é que o jornalista Carlos Madeiro, do UOL Notícias, revelou detalhes do suposto esquema de corrupção de Collor, que envolvia, inclusive, uma afiliada da Rede Globo, que foi utilizada para ele receber propina.
A consideração de Collor pelo STF expôs um esquema de corrupção que utilizou a TV Gazeta de Alagoas, afiliada da Rede Globo, para receber propina. Ao mesmo tempo, sangrou os cofres da empresa tomando “empresários” milionários, que levaram o grupo de comunicação à recuperação judicial. Sem mandato após 16 anos de Senado, Collor foi condenado por corrupção passiva e lavagem de recursos por recebimento e ocultação de R$ 20 milhões em propina paga em assinaturas a contratos celebrados pela UTC Engenharia com a BR Distribuidora.
A propina era paga de dois modos: diretamente na conta de Collor e nas contas da TV Gazeta e da empresa Gazeta de Alagoas Ltda ., ambas da família e que tem o ex-presidente como acionista principal. O relator Edson Fachin considerou em seu voto que 65 depósitos foram feitos às empresas entre março de 2011 e março de 2014, em um total de R$ 13 milhões. A propina era depositada em valores fracionados para não chamar a atenção do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
Para justificar os valores, os investigadores afirmam que houve uma simulação de empréstimos de Collor perante a TV Gazeta de Alagoas Ltda. de R$ 35,6 milhões no período. O dinheiro da propina foi usado para pagar despesas pessoais e comprar carros de luxo, terrenos, imóveis e até obras de arte milionárias.
Collor nega que recebeu propina, diz que a testemunha foi baseada em delações e alega que o dinheiro era fruto de rendimentos de suas empresas. Enquanto ostentava com carros milionários, Collor deixou de pagar ao trabalhador, verbas rescisórias e fornecedores das suas empresas. Entre eles, um relatório da Receita Federal cita que Collor, mesmo não recebendo lucros e dividendos em 2010, teve “movimentação financeira 12 vezes superior aos rendimentos declarados”.
Ainda de acordo com esse relatório, além do rendimento alto, a TV Gazeta pagou despesas pessoais de Collor e de sua esposa. Entre as compras feitas por Collor com valores de propina, a denúncia apontava que valores depositados na conta da TV Gazeta de Alagoas “foram usados para a aquisição de veículo Ferrari 458, pelo total de R$ 1,45 milhão”.
Portal 96 FM