As dificuldades econômicas enfrentadas por brasileiros em Portugal estão provocando uma corrida à Organização Internacional para Migrações (OIM), que tem um programa de ajuda para repatriação de estrangeiros que vivem em território luso.
Apenas no mês de janeiro, 1.050 brasileiros se registraram junto a OIM com pedidos para retornarem ao Brasil. Alegam que não têm mais dinheiro para comer nem para pagar moradia. Esse número é maior do que o total de repatriados em todo o ano de 2022, que chegou a 903.
No grupo dos que pediram socorro para voltar ao Brasil há crianças e, sobretudo, mulheres. Esses brasileiros foram atropelados pela disparada dos preços dos alimentos e dos aluguéis, problemas que também afetam os portugueses, que reclamam dos baixos salários.
Muitos dos brasileiros partiram para Portugal com poucos recursos no bolso, apostando que, em pouco tempo, conseguiriam fontes de recursos suficientes para sobreviverem com dignidade. A frustração, porém, tem sido recorrente.
Integrante da igreja evangélica Videira, Eliene Matos conta que aumentou muito, nos últimos meses, os pedidos de ajuda para moradia em Portugal. Ela ressalta que, nos grupos que participa em uma rede social, são diários os relatos de brasileiros que não têm onde morar.
“Nem nos tempos da pandemia vimos um quadro tão difícil”, relata Eliene. “A nossa igreja tem feito campanhas constantes para arrecadar alimentos aos mais necessitados. Não podemos abandonar quem está precisando de ajuda”, acrescenta.
A situação é mais grave entre brasileiros que vivem em condições irregulares em Portugal. Eles são mais de 100 mil, segundo levantamentos feitos pela embaixada e pelos consulados do Brasil no país europeu. Sem a documentação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), não conseguem trabalho formal, abrir contas em banco nem alugar imóveis.
Correio Braziliense